O que significa o termo nova ordem mundial

 




O termo Nova Ordem Mundial (NOM; em inglês: New World Order, NWO) refere-se a uma teoria conspiratória de que, supostamente, certas elites políticas e governos planejam a implantação de um governo mundial totalitário.


Nessa teoria, uma poderosa organização secreta estaria conspirando para governar o mundo por meio de um governo mundial autoritário — que irá substituir os Estados-nação soberanos — e uma propaganda abrangente cuja ideologia saúda o estabelecimento da Nova Ordem Mundial como a culminação do progresso da história. Ocorrências significativas na política e finanças são especuladas por serem orquestradas por uma camarilha excessivamente influente que opera através de muitas organizações de fachada. Inúmeros eventos históricos e atuais são vistos como passos em um plano contínuo de conseguir dominar o mundo através de reuniões políticas secretas e processos de tomada de decisão. Vários desses eventos supostamente orquestrados pela elite funcionaria como um gatilho para que a própria população mundial implore por essa Ordem.



Antes de o início de 1990, a teoria de conspiração da Nova Ordem Mundial esteve limitada a duas contraculturas estadunidenses norte-americanas, principalmente da direita militante antigoverno, e, secundariamente, parte de fundamentalistas cristãos preocupados com o aparecimento do Anticristo do fim dos tempos.[8] Os céticos, como Michael Barkun e Chip Berlet observaram que teorias da conspiração da direita populista sobre uma "Nova Ordem Mundial" não tinham sido abraçadas apenas por muitos adeptos do conhecimento estigmatizado, mas havia se infiltrado na cultura popular, inaugurando, assim, um período durante o final do século XX e início do século XXI nos Estados Unidos onde as pessoas estavam se preparando ativamente para cenários milenaristas apocalípticos.[4][6] Os cientistas políticos estavam preocupados que a histeria em massa deveria ter o que julgaram serem efeitos devastadores na vida política americana, que iriam da alienação política generalizada à escalada do terrorismo de lobo solitário

História do termo


Inicialmente, durante o século XX, muitos políticos (como Woodrow Wilson e Winston Churchill) usaram o termo "nova ordem mundial" para se referir a um novo período da história caracterizado por uma drástica mudança no pensamento político mundial e o equilíbrio de poder após a Primeira Guerra Mundial e a Segunda Guerra Mundial. Ambos percebiam o período como uma oportunidade para implementar propostas idealistas para a governança global no sentido de novos esforços coletivos para resolver problemas mundiais que extrapolam a capacidade de resolver dos Estados-nação individuais, sempre respeitando o direito das nações à autodeterminação . Estas propostas levaram à criação de organizações internacionais (como a ONU e a OTAN), e regimes internacionais (como o sistema de Bretton Woods e o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT)), que foram arranjados tanto para manter um equilíbrio de poder em favor dos Estados Unidos da América como para regularizar a cooperação entre as nações, a fim de alcançar uma fase pacífica do capitalismo. Estas criações em particular, e o internacionalismo liberal em geral, no entanto, foram regularmente criticados e contestados por nacionalistas empresariais ultraconservadores americanos da década de 1930 por diante.[10]



Os progressistas acolheram estas novas organizações e regimes internacionais na sequência das duas Guerras Mundiais, mas argumentaram que sofriam de um défice democrático e sendo, portanto, inadequados não apenas para evitar uma nova guerra mundial, mas para promover a justiça global. A ONU foi projetada em 1945 por banqueiros estadunidenses e planejadores do Departamento de Estado dos Estados Unidos, e sempre foi destinada a continuar a ser uma livre associação de Estados-nação soberanos, não uma transição para um governo mundial democrático. Assim, os ativistas ao redor do globo formaram um movimento federalista mundial, esperando, em vão, a criação de uma nova ordem mundial "real".[11]


O escritor e futurista britânico H. G. Wells foi ainda mais longe do que os progressistas na década de 1940, ao se apropriar e redefinir o termo "nova ordem mundial" como um sinônimo para o estabelecimento de um Estado mundial tecnocrático e economia planificada.[12] Apesar da popularidade de suas ideias em alguns círculos socialistas estatais, Wells falhou ao exercer uma influência mais profunda e mais duradoura, porque foi incapaz de concentrar suas energias em um apelo direto as intelligentsias que acabariam por ter de coordenar uma nova ordem mundial wellsiana.[13]


Durante o Red Scare de 1947-1957, os agitadores da direita secular e cristã estadunidense, influenciados pela obra do teórico da conspiração canadense William Guy Carr, crescentemente abraçaram e espalharam temores de maçons, Illuminati e judeus sendo a força condutora por trás de uma "conspiração comunista internacional". A ameaça de "comunismo ateu", na forma de um Estado ateísta e governo mundial coletivista burocrático, demonizados como o "Red Menace", por isso tornou-se o foco do conspiracionismo apocalíptico milenarista. Um “Red Scare” surgiu para moldar uma das ideias centrais da direita político nos Estados Unidos, que sejam liberais e progressistas, com as suas políticas de bem-estar social e programas de cooperação internacional, tais como a ajuda externa, supostamente contribuem para um processo gradual de coletivismo que conduzirá inevitavelmente a nações sendo substituídas por um governo mundial comunista.[14]


Grupos de defesa da direita populista com uma visão de mundo producerista, como a John Birch Society, disseminam uma infinidade de teorias da conspiração na década de 1960, alegando que os governos tanto dos Estados Unidos como da União Soviética eram controlados por uma camarilha de internacionalistas corporativos, banqueiros gananciosos e políticos corruptos que tinham a intenção de usar as Nações Unidas como o veículo para criar um "Governo Mundial". Este conspiracionismo de direita antiglobalista alimentou a campanha Bircher para a retirada dos Estados Unidos da ONU. A escritora americana Mary M. Davison, em seu livro The Profound Revolution de 1966 , traçou o rasto da alegada conspiração da Nova Ordem Mundial até criação do Sistema de Reserva Federal dos Estados Unidos em 1913 por banqueiros internacionais, que ela alegou que mais tarde formaria o Council on Foreign Relations em 1921 como um governo sombra. Na época que o livreto foi publicado, "os banqueiros internacionais" teriam sido interpretados por muitos leitores como uma referência a uma postulada "conspiração internacional bancária judaica" idealizada pelos Rothschilds.[14]


Alegando que o termo "Nova Ordem Mundial" é utilizado por uma elite secreta dedicada à destruição de todas as soberanias nacionais, o escritor americano Gary Allen — em seus livros None Dare Call It Conspiracy (1971), Rockefeller: Campaigning for the New World Order (1974), e Say "No!" to the New World Order (1987) — articulou o tema antiglobalista do muito corrente conspiracionismo de direita populista nos Estados Unidos. Assim, após a queda do comunismo russo no início de 1990, o principal bode expiatório demonizado da direita estadunidense deslocou sem problemas dos cripto-comunistas, que conspiraram em nome da Red Menace, para os globalistas, que conspiram em nome da Nova Ordem Mundial. A natureza relativamente eficiente da mudança ocorreu devido à crescente oposição da direita populista ao internacionalismo corporativo, mas também, em parte, ao paradigma milenarista apocalíptico subjacente, que alimentou a Guerra Fria e caça às bruxas do período McCarthy.[14]


Em seu discurso, Toward a New World Order, emitido em 11 de setembro de 1990, durante uma sessão conjunta do Congresso dos Estados Unidos, o presidente George H. W. Bush descreveu seus objetivos para governança global do pós-Guerra Fria, em cooperação com as ex-repúblicas soviéticas. Ele afirmou:


Até agora, o mundo que conheço tem sido um mundo dividido, um mundo de arame farpado e blocos de concreto, conflito e guerra fria. Agora, podemos ver um novo mundo ficando à vista. Um mundo no qual existe a perspectiva muito real de uma nova ordem mundial. Nas palavras de Winston Churchill, uma "ordem mundial", em que "os princípios de justiça e fair play... protegem os fracos contra os fortes..." Um mundo onde as Nações Unidas, livre do impasse da guerra fria, está preparada concretizar a visão histórica de seus fundadores. Um mundo no qual a liberdade e o respeito pelos direitos humanos encontram um lar entre todas as nações.


The New York Times observou que os progressistas estavam denunciando esta nova ordem mundial como uma racionalização das ambições imperiais americanas no Oriente Médio, enquanto os conservadores rejeitaram completamente quaisquer novas medidas de segurança e fulminaram qualquer possibilidade de um renascimento das Nações Unidas.[15] No entanto, Chip Berlet, um repórter investigativo americano, especializado no estudo dos movimentos de direita nos Estados Unidos, escreve:


Quando o presidente Bush anunciou sua nova política externa ajudaria a construir uma Nova Ordem Mundial, seu fraseado percorreu a direita radical cristã e secular como um choque elétrico, uma vez que a frase tinha sido usada para representar o temido Governo Mundial coletivista por décadas. Alguns cristãos viram em Bush um sinal da traição de um líder mundial do Fim dos Tempos. Anticomunistas seculares vislumbraram uma ousada tentativa de esmagar a soberania do país e impor um sistema coletivista tirânico junto das Nações Unidas[14]


O televangelista americano Pat Robertson com seu best-seller de 1991 The New World Order, tornou-se o mais proeminente divulgador de teorias da conspiração cristãs sobre a história americana recente. Ele descreve um cenário em que Wall Street, o Federal Reserve System, o Council on Foreign Relations, o Grupo Bilderberg e a Comissão Trilateral controlam o fluxo de eventos de trás dos bastidores, empurrando as pessoas constantemente e de forma encoberta na direção de um governo mundial para o Anticristo.[6]


Observadores notaram que o estimulo de teóricos da conspiração da direita populista, como Linda Thompson, Mark Koernke e Robert K. Spear dentro militância levou ao surgimento do movimento de milícia, que espalhou a sua ideologia antigoverno através de discursos em comícios e reuniões, livros e fitas de vídeo vendidas em feiras de armas, rádios de ondas curtas e por satélite, redes de fax e fóruns de discussão na internet.[14] No entanto, são programas de rádio AM]] noturnos e propaganda viral na internet que mais contribuíram para efetivar suas ideias políticas extremistas sobre a Nova Ordem Mundial encontrando seu caminho na literatura anteriormente apolítica de numerosos “assassinologistas” dos Kennedys, ufólogos, teóricos de terras perdidas e, mais recentemente, os ocultistas. A partir de meados dos anos 1990 em diante, o impacto mundial dessas subculturas transmitidas pelo conspiracionismo da Nova Ordem Mundial como um "vírus da mente" a um grande novo público de pesquisadores de conhecimento estigmatizado.[6]


Programas de televisão e filmes de thriller de conspiração de Hollywood de também desempenharam um papel na introdução de um vasto público popular a várias teorias marginais relacionadas com o conspiracionismo da Nova Ordem Mundial — helicópteros negros, "campos de concentração" da FEMA, etc. — que por décadas foram previamente confinados a subculturas da direita radical. A série televisiva The X-Files de 1993-2002, o filme Conspiracy Theory de 1997 e o filme The X-Files: Fight the Future de 1998 são frequentemente citados como exemplos notáveis.[6]


Após o início do século XXI e, especificamente, durante a crise financeira no final da década de 2000, muitos políticos e especialistas, como Gordon Brown[16] e Henry Kissinger,[17] usaram o termo "nova ordem mundial" em sua defesa para uma reforma global do sistema financeiro mundial e seus apelos por uma "Nova Bretton Woods", que leva em consideração mercados emergentes, como China e Índia. Estas declarações tiveram a consequência não intencional de fornecer novos suplementos para o conspiracionismo da Nova Ordem Mundial, que culminou com talk show de Sean Hannity afirmando em seu programa Hannity da Fox News Channel que os "teóricos da conspiração tinham razão".[18] A Fox News em geral, e seu programa de opinião Glenn Beck em particular, tem sido repetidamente criticado por grupos de vigilância da mídia progressista, não apenas por integrar as teorias da conspiração da Nova Ordem Mundial da direita radical, mas possivelmente por estarem assim a agitar os seus “lobos solitários” a partirem para a ação.


Em 2009, os diretores de cinema americano Luke Meyer e Andrew Neel lançaram New World Order, um documentário aclamado pela crítica que explora o mundo dos teóricos da conspiração, tais como o radialista americano Alex Jones, que se comprometeram a expor e opor-se vigorosamente ao que entendem ser uma emergente Nova Ordem Mundial.[21] A crescente disseminação e popularidade das teorias da conspiração também criou uma aliança entre os agitadores da direita populista e rappers de música hip-hop da esquerda populista, tais como KRS-One, Professor Griff, Public Enemy e Immortal Technique, ilustrando assim como o conspiracionismo antielitista pode criar improváveis aliados políticos nos seus esforços para se oporem ao sistema político.

FONTE: Wikipédia, a enciclopédia livre.






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